quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

in and out (faixa de gaza)


relacionamento é uma coisa estranha. irregular. é coisa que destrói todo limite de nós mesmos e reclama por outra demarcação. um novo país dentro de outro que já existe.

geograficamente significa novas linhas no mapa. politicamente significa que trump não aprova. humanamente significa acolher. romanticamente significa amar. racionalmente significa que lascou.

assim como se adaptar a um novo território, um relacionamento mostra como não estamos preparados para o diferente do que a gente quer ser.
essa cultura que vem de fora e faz a gente estranhar tudo.
e é nesse ponto que talvez eu entenda o motivo das guerras. não no sentido literal, mas no sentido humano da coisa.
a gente erra (e não gosta). a gente briga (achando que tem razão). a gente cria barreiras (achando que o outro não cabe no nosso limite).
a gente acha mais do que tem certeza das coisas.
então vamos pensar assim: existe um muro. não tem meio termo. como israel e gaza. como inglaterra e união europeia. como geografia.
não tem um meio país entre outros países.
apesar disso, o que o relacionamento mais ensina é que nós precisamos ser eternos humpty dumptys. que é na tênue linha que separa dois países que precisamos nos equilibrar.
e é difícil. nós caímos várias vezes pra algum dos lados e quebramos em mil partes.

e é mais difícil ainda escalar o muro para entrar no equilíbrio de novo. leva tempo. leva paciência. leva cola. leva amor. 
leva tudo.
e nesse meio tempo cada um defende seus limites como pode. um de cada lado.
se não estamos no muro, estamos em nosso país. e no nosso país é complicado entrar. temos nossos (tantos) tratados, afinal.

mas é assim que é. uma hora a gente volta para o muro, como cuba e estados unidos.
geograficamente na divisão entre dois territórios. politicamente trump deportando os dois para os países de origem. humanamente acolhendo. romanticamente amando. racionalmente significando que a ferida está aberta, só falta um pontinho pra fechar.

a verdade é que o que quero dizer com essa enrolação toda é que relacionamento é como o que a faixa de gaza murmura baixinho pra israel:

"eu sei que somos diferentes, mas sou tua fronteira".

baixa a guarda.
te amo.