quinta-feira, 29 de agosto de 2013

De graça com a cara da fulana...

Minha mente ta parecendo um disco riscado de coisas que eu já pensei, e já pensei, e já pensei, e já pensei... Não ligo de pensar não, seu moço, mas pensar a mesma coisa? Tá parecendo as músicas da Anitta que demoram 4h pra descolar da memória. Aliás, tem o mesmo efeito.

Você acha que esqueceu, só que quando a música toca conhece a letra inteira.

Sobre saber fazer chorar

Das coisas que doem na vida, posso falar de machucados, reclamações, xingamentos, bronca de pai ou mãe e beliscões. Posso falar também de notícia ruim, de cirurgia, de aparelho dentário e exercício físico para quem é sedentário. Olhares tortos, bom dias recusados, café frio, filme ruim de livro bom ou filme bom de livro ruim aparecem na lista. Eu achava que sabia o que era dor, mas só soube quando vi meu amor chorar. E doeu demais, sabe. Doeu mais ainda quando chorou por minha causa. E essa, além de estar no topo da lista de ‘minhas dores do mundo’, também está na lista de ‘coisas que eu nunca vou me perdoar’.

Here we go again...

Quando você quebra o quinquagésimo celular que já teve e conta para a irmã, ela responde simplesmente:



Minha família tem probleminhas, mas é justamente por isso que eu amo fazer parte dela.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ser banana é politicamente correto

Sobre a palestra "Death Happens", do Chef Alex Atala.

Ser politicamente correto não significa fechar os olhos, significa saber e ser consciente do que acontece ao seu redor. Saber de onde vem o que você come é a primeira coisa, ou você acha que a carne que consome é feita em laboratório? Todos os dias milhares de animais são mortos, tendo quase 60% da carne desperdiçada - o que leva, a meu ver, a uma morte vã. As especialidades da gastronomia estão ai justamente para mostrar como tudo pode ser utilizado, não apenas retirar 40% da carne de um animal e jogar o resto fora, como se não valesse nada.

O Chef Atala mostrou o que acontece antes do seu bife chegar a mesa. Simples. 

E aproveitou tudo o que foi retirado. Isso é consumo responsável, inteligente. É atribuir juízo de valor as coisas. Afinal, para o bife chegar na sua geladeira um boi inteiro morreu. Uma vida, por assim dizer. Sou vegetariana e não sou contra o consumo, sou contra perda de juízos de valores. E ainda acho que um animal vale mais que muita gente ruim do mundo. Então algumas pessoas deviam engolir a hipocrisia, conhecer a história do chef e, melhor, saber de onde vem o pão de cada dia. 
Esse papo de escondido é mais gostoso não existe. Nós estamos acostumados a simplesmente fechar os olhos para tudo de ruim que existe a nossa volta. Isso com a carne, com a saúde, com a educação, com as guerras, com a política, com preconceitos, com tudo. Cegueira nunca foi boa para ninguém, e não estou falando de cegueira física mas sim moral e ética. Fingir que algo não acontece não te faz ético ou politicamente correto, te faz apenas inconveniente e nulo aos acontecimentos.

Alex Atala em palestra no simpósio MAD

O juízo de valor que comentei se perdeu em tudo. Em 'O Capital' (1867), Karl Marx classifica essa perda de juízo de valor com relação ao trabalho em meio ao sistema capitalista - cita o trabalhador que vende sua força de produção, ou seja, vende-se por um determinado período para produzir algo que não é seu e muito menos terá dinheiro para comprar, pois sua força de produção vale menos do que o que foi produzido.
Após fazer a leitura do capítulo que aborda esse assunto, ficou claro em minha mente como damos valor às coisas erradas. Invertemos os papeis, o produto vale mais que o produtor ou o que foi perdido no processo de produção. O final vale mais que o começo. Até a vida é assim, nós valorizamos mais onde vamos acabar do que o lugar onde começamos.

O ponto onde quero chegar é...

Consumir carne não vai te levar para o inferno. Xingar um Chef de mau caráter não vai te levar para o céu. Ser hipócrita e ignorar tudo o que está escrito para todo mundo ler/saber como se fosse a melhor pessoa do mundo não te garante lugar nenhum, nem mesmo no mundo.

E é isso.

Desculpas esfarrapadas

Quero encontrar meus olhos com os teus. Quero viver aquela aventura que guardei a sete chaves no peito. Quero construir aquele castelo de gelo, só para ver sua imagem refletida em todas as paredes. Quero ter vontade de escrever seu nome em todos os meus cadernos, nas árvores e nos carros sujos com a ponta dos dedos. Quero pensar na rua e em você, na lição e em você, nos pássaros e em você. Quero suar você. Quero sentir seu cheiro em todas as coisas boas e nas ruins também. Quero que preencha todos os espaços do meu dia. Quero que tudo isso aconteça dentro e fora da minha mente. Quero parar de me enganar. Quero que nós paremos de nos enganar.

E quero que não inventemos mais desculpas esfarrapadas para o nosso amor não ser do jeito que deveria.

Dúvidas

Será que é tarde demais para dizer que mudei de ideia?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

De gente grande para os babacas da estrada

Querido babaca,

Você está estudando todos os módulos da universidade junto comigo, então fazer-te-ei uma simples pergunta: não aprendeu nada ou só não coloca em prática mesmo? Lembra-se de todos aqueles textos sobre trabalho conjunto, sobre aceitar opinião dos outros, sobre ser um grupo?
Sei que ser analfabeto funcional consome muito do seu tempo, mas seu déficit deu as caras no meu trabalho, portanto na minha vida, e eu não gostei nem um pouco dele. Ele é feio e, além de feio, te cega. Acho que bateu uma foto bem grande do seu umbigo e colocou na sua cara, dai você acaba não enxergando mais nada. Eu até entendo. Carregar a Burrice nas costas deve ser um fardo pesado, porque vou te dizer, a bicha é grande.

De qualquer forma, espero honestamente que se livre dela um dia. Pelo seu bem e pelo bem dos pobres coitados que se aventurarão em um novo trabalho contigo.

Com dó,

Jenni.

Sobre não saber sabendo tudo

Certas coisas nós simplesmente sabemos. Não sei dizer se é algo empírico, mas nós simplesmente sabemos. Sabemos que a água molha, sabemos que o dia amanhece e escurece, sabemos que o ar é invisível, sabemos que a vida começa, dura e acaba. Sabemos que o ar precisa entrar em nossos pulmões e que o coração não pode parar. Sabemos as escolhas que devemos fazer e aquelas que queremos fazer. Sabemos que vamos nos dar mal no começo, no meio ou no fim do caminho quando escolhemos mal. Sabemos fingir que escolhemos bem. Sabemos o que é certo.

Mas teimamos em escolher o que é errado.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cegueira permitida

É um desespero incondicional, que não te larga, que te coloca em um quarto fechado e te obriga a conviver consigo mesmo. É no escuro que reconhece a verdade e, ainda nele, nega-a para si mesmo pela milésima vez. Como uma jaula que construiu com as próprias mãos, sem usar de grades para entrada de luz. Como um lugar só seu, onde não precisa fechar os olhos para não ver.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Desavergonhice

Hoje despi-me de minhas máscaras e roupas.

Nua, diante de uma multidão incansável que não para, mostrei minhas vergonhas para o mundo. Para o meu mundo. Cheguei em casa, tranquei a porta e vivi um dia para mim. Um dia que eu não tinha há muito tempo.

Podia ter feito muita coisa. Devia ter feito muita coisa.

Simplesmente me recolhi à minha insignificância e, diante de um Deus todo poderoso, coloquei a minha pessoa em primeiro lugar. E esqueci tudo. Esqueci vida de fora. Vivi meu mundo pelas 24 horas mais perfeitas que já passaram pelo relógio.

Me dispus a organizar gavetas internas, só que elas transbordaram e fui obrigada a sair correndo. 

Observei os trabalhadores inquietos, gozando da minha preguiça e má disposição para participar daquela ladainha rotineira. Eles nem me perceberam na janela, assistindo sua desgraça cotidiana. Estavam perdidos nela.

Só que tão rápido como veio, passou.

Amanhã cumprirei minha própria ladainha, fazendo questão de olhar para as janelas e gritar para aqueles que estão na janela de seus próprios mundos:

- Desavergonhados! 

Seja lá o que for...

Não foi o que eu comprei um ano atrás.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Utopia

De tanta coisa
Tanta coisa se foi
Que de tanta coisa
Foi coisa que a gente fez

E de coisas verdadeiras
E coisas mentiras
Tinha mais coisa mentira
Que coisa verdade

Mas tinha tanta coisa
Que 'to pra dizer:
Era tanta coisa mentira
Que parecia até coisa verdade

E eu acreditei sem perceber.

Eu não entendo

Onde foi que paramos de ser curiosos?
Quando paramos de questionar?
Quando o mundo parou de girar?
Quando esse imediatismo começou a atiçar nossa preguiça?
Por que ninguém mais tem tempo para sentar e entender?

Onde, quando, por quê? Me diz.

Paris...

Acordeon não me lembra forró, me lembra as ruas de Paris.
Não que eu já tenha passado por lá com o corpo, mas com a alma... Com essa sim.
E ai toda vez que escuto esse instrumento acende uma luzinha no meu coração.
Escuto Aznavour soando pelo ar.

Isso deve ser aquele amor platônico sabe?
Aquele que a gente sente na cabeça e esquenta o coração.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Homem que Lê...

Eu lia há muito. Desde que esta tarde 
com o seu ruído de chuva chegou às janelas. 

Abstraí-me do vento lá fora: 
o meu livro era difícil. 
Olhei as suas páginas como rostos 
que se ensombram pela profunda reflexão 
e em redor da minha leitura parava o tempo. — 
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz 
e em vez da tímida confusão de palavras 
estava: tarde, tarde… em todas elas. 
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já 
as longas linhas, e as palavras rolam 
dos seus fios, para onde elas querem. 
Então sei: sobre os jardins 
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; 
o sol deve ter surgido de novo. — 
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: 
o que está disperso ordena-se em poucos grupos, 
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas 
e estranhamente longe, como se significasse algo mais, 
ouve-se o pouco que ainda acontece. 

E quando agora levantar os olhos deste livro, 
nada será estranho, tudo grande. 
Aí fora existe o que vivo dentro de mim 
e aqui e mais além nada tem fronteiras; 
apenas me entreteço mais ainda com ele 
quando o meu olhar se adapta às coisas 
e à grave simplicidade das multidões, — 
então a terra cresce acima de si mesma. 
E parece que abarca todo o céu: 
a primeira estrela é como a última casa

(Rainer Maria Rilke)

E, claro, na interpretação maravilhosa de HpCharles.

Sobre não saber fazer poesia...

É na desatenção
Que a gente se atenta
É no desânimo
Que a gente se anima
É do fundo
Que a gente chega em cima
É não sabendo de nada
Que a gente sabe
É escrevendo poesia
Que, bom, a gente aprende.

Genética Brown.

Charlie Brown
Algumas pessoas nascem com sorte.

Elas tem um gene especial, uma herança monogênica, locado em algum dos braços de algum cromossomo perdido no nosso núcleo celular. É isso ai. As pessoas já nascem com isso presente em cada célula do corpo, tornando-a brilhante, feliz... Uma pessoa de sorte.

Mas eu, moço, não vim com isso não.

Estou começando a acreditar naquela coisa de predestinação, sabe? Aquela lá de que Deus colocou uma carinha feliz na testa de todos os que iriam pro céu antes mesmo dos benditos nascerem. E essa predestinação se expressa nesse gene ai, que fica no locus felicidade do cromossomo.

Então eu digo que minha genética é Brown.

Não, não é o nome de um cientista. É Brown de Charlie Brown mesmo. Nós dois não fomos premiados com esse gene, então nosso locus felicidade está vago. Alguma coisa devia ser expressa por ali, com certeza, porque podemos sentir a falta dessa proteína em cada célula do corpo.

Agora, vem cá... Tanto gene pra botar defeito, e cai logo nesse?

Somos predestinados ao azar. Tudo o que fazemos costuma dar errado, simplesmente porque é assim que tem que ser. Errado. E toda vez que dá errado bate aquele vazio existencial, no qual tudo está lá, mas nada faz sentido. Nada é válido.

E você se sente uma pedra ambulante.

Só que eu só quero deixar um recado para quem tem esse gene, ou para quem Deus colocou o sorriso na testa: eu não sou uma perdedora. Com ou sem sorte vou correr atrás, vou ter tudo o que a ausência desse gene tirou de mim. Um dia vou ganhar esse sorriso na testa também, e por merecimento, não por predestinação.

Eu acredito na epigenética e mais: ela guardou um lugar especial para mim no céu.

PS.: Um dia chegaremos lá, Charlie Brown!

domingo, 18 de agosto de 2013

Voo Contra o Câncer

Bom, certas ideias são, ao meu ver, geniais.
Como estudante da área da saúde e sabendo das deficiências do sistema, achei a campanha Voo Contra o Câncer sensacional. Mesmo.

Talvez existam interesses particulares, comerciais ou o que mais for por trás disso tudo.

Mas, honestamente, seria uma ajuda absurda para as pessoas que são tratadas lá. Muitas vezes os pacientes não estão em condições para enfrentar grandes trajetos dentro de um carro, ou qualquer outro veículo.

O Hospital de Câncer de Barretos é o maior centro especializado da América Latina, atendendo mais de 4.000 pacientes do Sistema Único de Saúde por dia, oferecendo o melhor suporte médico e estrutural para os internos. É de suma importância que as pessoas cheguem rápido por lá, principalmente casos emergenciais.

Já que existe um aeroporto livre, por que não fazer esse esforço? Precisamos apenas que sejam criadas linhas de voo direto para Barretos.

Como dito: "não faltam passageiros, não falta infraestrutura, só falta o avião".

Seu clique pode virar um avião e salvar vidas.

Boa noite, sonhem com tartarugas voadoras (:


Sobre manias do capiroto...

Eu tenho essas manias assim, sabe? Essas coisas de achar que tudo está virado ao contrário e aquele mimimi que inflige pânico a pessoas de alma fraca, de caráter fraco. É isso ai que você leu, tenho um caráter preguiçoso do cacete.
Ele não sabe se impor. Não sabe ser feliz. Não sabe ser triste. Não sabe ser mal-amado, muito menos bem-amado. É o filo de uma boa vagabunda preguiçosa que não levanta a bunda nem para exibir a dignidade, o direito, de sair dos lugares que lhe fazem mal.

Com todo o respeito das palavras, um imprestável.

Imprestável porque abaixa a cabeça pra qualquer porcaria. Mesmo que essa porcaria seja tão pequena que ninguém enxergue além dele. É um imprestável de boa visão, veja só. Tão boa que faz micropedras se transformarem em icebergs maiores do que o que afundou o Titanic.

Eu não ligaria tanto se ele fosse imprestável sozinho e não me arrastasse para o buraco também.

O maldito não gosta de ser sozinho. E às vezes, usando as palavras da Barbarah sem permissão, "quero abrir um zíper nas minhas costas e sair do meu corpo". Porque, na boa, essa vergonha não é minha. Essa fraqueza não é minha, eu não comprei, não roubei, nem paquerei a bendita pra ela colar em mim assim.

Vá se tratar peste. Esse corpo não é teu.

Então farei o seguinte: abrirei um zíper não para mim, mas para você sair aqui de dentro.

sábado, 17 de agosto de 2013

Silêncio.

Eu me sinto deixada de lado, sem atenção. Quer dizer, você nem entende o que digo, muito menos lê o que escrevo. E fico assim, fazendo textos para colorir algo que nem tenho certeza se delineamos juntos.

Só que eu me sinto egoísta por pensar isso. Então vou calar meus dedos e aquietar meu coração.

Boa noite,
Eu amo você.

Da incontinência existencial...

Fonte
Eu sou a terra.

E por assim o ser, tomo cuidado com pés desconhecidos. Minha sensibilidade é exacerbada, sofre com pés cegos que não tomam cuidado com o lugar onde pisam. Mas não me importo, pois faço esses mesmos pés fincarem ao chão. Faço com que saibam que não podem levantar voo, que eu sou a realidade e que é aqui, em mim, que devem permanecer.

Eu sou o fogo.

E por assim o ser, aqueço a terra. Esquento o espaço e os corações dos pés desolados. Faço a terra esquecer da realidade que precisa lembrar. Sou eu quem arde no sexo ocasional e também quem faz o amor aflorar na pele de primavera dos apaixonados. Apenas calor, mas também sei doer. Sei queimar. E de todo amor aflorado faço cinzas, queimo cada milímetro de pele pelo caminho. É ódio. Ódio por não ser aquecido por amor semelhante ao meu.

Eu sou a água.

E por assim o ser, apago o fogo. Como uma onda, carrego o ódio e as cinzas, substituindo-os por gelo, calma... Solidão. Escondo os ouvidos feridos por mentiras inconsequentes. Deixo a terra inerte, surda para sons exteriores. Deixo que ela exista para si mesma por alguns segundos. Apago a dor fulminante da primavera que já não existe mais.

Eu sou o ar.

E por assim o ser, movimento a água. Lembro a terra de que o inverno não pode durar para sempre e que às árvores não sobrevivem mais à solidão. Lembro-a também que dar ouvidos a si mesma é importante, porém não dar ouvidos a mais nada é egoísmo. Direciono os pássaros, as abelhas e as borboletas para que elas voltem a tocar as flores e a espalhar pólen por sobre as cinzas escurecidas, preparando a terra para uma nova primavera.

Primavera essa que a terra mal pode esperar para chegar.  

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

E eu que achava...

E eu que achava que não cabia no mundo, estou mais para achar que o mundo não cabe em mim.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sabe que eu poderia ter feito tanta coisa...

Mas só sentei, chorei e fechei minha alma na caixa por um tempo.

Contei tartarugas até a dor passar.

Divergências.

E eu que não sei mais em qual universo paralelo nos esbarramos. Bem no início, com aquele cheiro de livro novo, de história nova, tudo parecia grande e importante. Tudo chamava. Tudo carregava uma placa luminosa de ‘descubra’, despertando a curiosidade e libertando a endorfina presa por tanto tempo nas cadeias da solidão. Mas venha cá, olhe nos meus olhos, diga onde estamos errando. Por que está tão difícil entender o que era só descoberta no passado? O que resta agora é aborrecimento, falta de interesse, falta de romantismo, de companheirismo, de risismo, de altruísmo e todos os ‘ismos’ do mundo.

O que resta agora é você, o abismo e eu.

Já não sei se meu amor consegue construir uma ponte tão grande.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Que se dane o mundo.

Essa loucura está me consumindo.

Coisas que eu não penso.

Eu penso em tudo. Penso nos elementos físicos e químicos, no átomo e em tudo o que ele pode formar sendo o feio ou bonito. Penso em astronomia, sobre como o sol arde todos os dias, independente dos problemas que o universo coloca no caminho. Penso no fogo, na terra, no ar e na água. Penso na estrada que pego todos os dias. Penso em quem não teve sorte na vida e também em quem teve de sobra. Penso nas pessoas que morrem e nas que vivem. Penso sobre todos os movimentos de xadrez antes da jogada. Penso em todas as alternativas possíveis para solucionar um problema, por mais que não me recorde da fórmula. Penso em tudo o que dá pra pensar. Penso que pensar demais só é ruim para quem não pensa nada. Penso que quase ninguém pensa hoje. Não é preciso. Compartilhar uma ideia anteriormente pensada é legal. É fácil. É questão de um botão. Penso que o mundo está muito copy and paste. Penso que o que eu li agora, vou ler de novo e de novo e de novo, só que dito por pessoas diferentes. Penso que não quero ser mais uma publicação no meio de milhões. Será que todo mundo sabe, realmente, o que está colando nas próprias paredes?

Pouco está colado na minha parede. Quase nada. Porque eu penso em entender.

Mas não penso em comprar mais cola. 

domingo, 11 de agosto de 2013

Às vezes é questão de tempo.

O Curioso Caso de Benjamin Button
O tempo não para.

Como se fosse ontem eu conheci outro lugar, outras pessoas, outro mundo. Aprendi a cair, levantar, desmontar, requebrar, beber, aprender, reaprender. Viver. Recordo que ainda ontem contava vantagem de quem se entregava para a fossa do amor enquanto eu simplesmente a abraçava e tequilava com ela pelas esquinas. Eu era suficiente. Era uma. Completa. Entregava amor para algumas pessoas e depois fingia que não as conhecia. Não queria mais. Desperdiçava pessoas pelo caminho como João e Maria largavam migalhas de pão para não se perder. Talvez fosse exatamente isso, eu sempre quis encontrar o caminho de volta.

E o tempo não para.

Não sei qual foi o exato momento em que tomei o caminho contrário. Talvez a casa de doces tenha me atraído e eu dei azar por não encontrar com a bendita Maria ou o João pelo caminho. Eles teriam me avisado, e eu voltaria correndo para o ponto inicial passando por todas as pessoas que larguei pelo caminho. E não perceberia, sabe, quanto amor eu já larguei por ai.

Mas o tempo não para.

Aos poucos, tive coragem de chegar perto da casa. Conhecer. Em alguns dias já estava enfeitiçada, plantada lá no gramado. Eu não queria sair, mas também não tinha coragem para entrar. E pra quê? Lá fora a vista era tão perfeita e ainda havia certo controle sobre a vontade de experimentar os doces. Eu ainda podia olhar, abandonar um pouco de amor por ali e voltar correndo.

Só que o tempo não perdoa.

Não perdoa porque me deixou lá. Parada. Não consegui largar a casa. Queria tanto, mas tanto, entrar que essa vontade superou todos os limites que eu já havia enfrentado. Então eu fiquei. Fiquei. Em um segundo notei que não era mais uma parte única. Era metade. Eu e a casa, juntas, formávamos uma. Eu já me sentia parte do cenário. Gostava do cheiro, da vista, do redor. Porém precisava conhecer dentro, e o maldito do medo me segurava fora. E em outro segundo reparei que o medo não significava mais nada, porque por mais que eu não entrasse na casa, a casa já estava dentro de mim. Eu a amava. Ela era minha.

O tempo conserta.

Larguei minha armadura, minhas armas, meus textos prepotentes todos jogados pelo chão. Caminhei em passos cautelosos, quase cambaleantes e parei em frente à porta. Bati uma vez e a porta não se abriu. Da segunda vez também não. Praticamente engolida pelo desespero da rejeição, virei às costas, pronta para correr e voltar para onde nunca devia ter saído. Quando dei o primeiro passo, um ruído vindo de dentro da casa fez meu coração dar uma volta completa.

A porta se abriu.
Eu entrei.
E não sai.

O tempo é sabido.

E o perdoo por ter me feito esperar.

Sobre vícios viciantes...

Amor é uma droga.

Viciante e alucinante, que em poucos minutos percorre a corrente sanguínea e atinge todos os tecidos do corpo. Suga os glóbulos brancos e acaba com a nossa imunidade. Não contente com isso, avança para os neurônios e faz com que a razão e o raciocínio sejam vagarosamente eliminados dos pensamentos.
Tudo o que resta é uma intensa necessidade, uma falta constante, um buraco cavado no peito que arde e coça durante o dia e a noite. Não dá paz nem de madrugada.

É vício.

E, querendo ou não, é uma dorzinha que se instala nas entranhas e te lembra sempre que algo está faltando, que algo está fora do lugar.
Eu li uma vez que a dor é um aviso de que alguma coisa está errada. Será um aviso de que o amor não é bom para a saúde? Que é um vício ruim, assim como o crack ou a heroína, que te consome pouco a pouco até definhar e mendigar migalhas de afeto pelas ruas?
Não sei mais classificar até onde é bom ou ruim, só sei que desisti de distribuir meu coração por ai.

Dá cá minha coca pra pelo menos eu ser uma obesa diabética feliz.