quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Desavergonhice

Hoje despi-me de minhas máscaras e roupas.

Nua, diante de uma multidão incansável que não para, mostrei minhas vergonhas para o mundo. Para o meu mundo. Cheguei em casa, tranquei a porta e vivi um dia para mim. Um dia que eu não tinha há muito tempo.

Podia ter feito muita coisa. Devia ter feito muita coisa.

Simplesmente me recolhi à minha insignificância e, diante de um Deus todo poderoso, coloquei a minha pessoa em primeiro lugar. E esqueci tudo. Esqueci vida de fora. Vivi meu mundo pelas 24 horas mais perfeitas que já passaram pelo relógio.

Me dispus a organizar gavetas internas, só que elas transbordaram e fui obrigada a sair correndo. 

Observei os trabalhadores inquietos, gozando da minha preguiça e má disposição para participar daquela ladainha rotineira. Eles nem me perceberam na janela, assistindo sua desgraça cotidiana. Estavam perdidos nela.

Só que tão rápido como veio, passou.

Amanhã cumprirei minha própria ladainha, fazendo questão de olhar para as janelas e gritar para aqueles que estão na janela de seus próprios mundos:

- Desavergonhados! 

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