uma porta fechada. uma sala sem ar. doze marcas. quatro tentativas fúteis
e voláteis de fuga para a terra de ninguém, onde a única lei é não obedecer à lei
nenhuma. a preguiça arraigada de lutar contra a própria consciência sobre a
inevitável vontade de simplesmente abrir mão da razão e gozar da infinita prontidão
a qual o corpo se dispõe. o sentido de errado se dissolve numa estúpida e
excitada condição de permissão. é proibido proibir na terra de ninguém. na
terra de ninguém os corpos devem ser habitados por fora, por dentro, por outro. as normas casuais de moralidade sopram longínquas, quase emudecidas por um
suspiro incontido, sem se fazerem realmente relevantes. é uma luta perdida, meu
bem. quase posso sentir Bukowski batendo em meu ombro, com seu cheiro de
cigarro e champanhe baratos, dizendo ‘essa porra já está gozada, querida. não se
sinta culpada por foder o que sempre esteve fodido’. a porta continua fechada. a sala continua sem ar. eu continuo perdida nas leis que outras pessoas
inventaram e ferindo meu princípio desapegado de viver. então vamos às cartas, já que é para manter a
ordem da (in)justiça...
quem fez as regras mesmo? é tarde para recorrer?
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